A Guyane La1ère apresenta uma série de reportagens sobre nossos vizinhos do Amapá. Macapá, a cidade do meio do mundo, atrai cada vez mais turistas, especialmente seus vizinhos da Guiana Francesa. No ano passado, 40 mil guianenses visitaram a cidade. Eles apreciam o dinamismo de Macapá, suas lojas, preços baixos, pontos turísticos e qualidade de vida. Reportagem.
Laura Philippon / Franck Fernandes • Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 06h54, atualizado em 18 de fevereiro de 2025 às 17h02
Grandes avenidas, sem congestionamentos, áreas verdes bem cuidadas e muitas lojas. Nas ruas de Macapá, Paul e Daniel caminham entre uma chuva e outra. Nativos de Caiena, os dois homens apreciam o dinamismo da capital do Amapá.
Daniel e Paul, guianenses nas ruas de Macapá.
Daniel e Paul, guianenses nas ruas de Macapá. • ©Laura Philippon
Uma cidade dinâmica e em transformação
“A vida é mais barata, é acolhedor, é bom viver aqui entre os vizinhos!”, exclama Paul, que conheceu Macapá em 2003, quando encontrou sua esposa, natural da cidade. “Quando fico dois meses sem vir e volto, muitas coisas mudaram”. É isso também que seu amigo Daniel aprecia, ele que acabou de investir em um imóvel em Macapá. “Eles estão fazendo obras para melhorar a habitação e a qualidade de vida, há lojas e infraestrutura”, destaca ele.
O centro de Macapá (Amapá).
O centro de Macapá (Amapá). • ©Laura Philippon
40 mil turistas guianenses no ano passado
Nos últimos meses, os dois guianenses têm encontrado cada vez mais rostos conhecidos em Macapá. “Encontro amigos que nem vejo na Guiana!”, diverte-se Daniel. “Eu os encontro aqui, é incrível. É preciso vir visitar, descobrir e, se você tem um projeto, é hora de concretizá-lo”.
Com cerca de 450 mil habitantes, Macapá está em pleno crescimento. No entanto, nada predestinava a capital de um dos estados mais pobres do Brasil a esse destino. No ano passado, o número de turistas estrangeiros aumentou 20%. Quase 300 mil turistas visitaram Macapá. Entre eles, 40 mil guianenses vieram para fazer negócios, turismo ou visitar familiares. Todos aproveitam os preços muito atraentes.
Preços atraentes
“Os guianenses costumam ir aos shoppings e supermercados”, observa Claudio, taxista há 35 anos. “Os preços também são baixos, eles me dizem que é até mais barato do que no Suriname”. Segundo Claudio, o turismo cresceu muito nos últimos três anos. “E no ano passado, vieram muitos guianenses, gente de Sinnamary e indígenas”, acrescenta ele.
Claudio, taxista em Macapá.
Claudio, taxista em Macapá. • ©Laura Philippon
Em dezembro passado, durante as festas de fim de ano, 97% dos hotéis de Macapá estavam lotados. Cerca de 7 mil guianenses vieram passar a virada do dia 31 de dezembro em Macapá, segundo dados da secretaria de turismo do estado do Amapá.
Às margens do rio, no hotel Do Fuerte, 40% dos clientes são da Guiana, e no buffet do café da manhã, todos falam crioulo.
“Macapá mudou muito, há cinco anos eles estão investindo pesado, está no topo”, diz Michel, morador de Kourou. Ele vem regularmente visitar sua família em Macapá nos fins de semana.
Uma oferta hoteleira em pleno desenvolvimento
Com um poder de compra maior que o dos brasileiros, os turistas guianenses interessam aos comerciantes de Macapá, especialmente à indústria hoteleira.
“Nossa oferta hoteleira ainda é pequena, mas estamos evoluindo para atender a essa demanda crescente”, garante Raphael
Jucá, diretor da Rede Forte de Hotéis.
Raphael Jucá, diretor dos hotéis Rede Forte em Macapá.
Raphael Jucá, diretor dos hotéis Rede Forte em Macapá. • ©Laura Philippon
“Devemos ter uma capacidade hoteleira maior, mas isso virá, pois estamos construindo muitos hotéis que em breve estarão prontos para receber mais clientes. Isso aumentará a capacidade de hospedagem”, diz Raphael Jucá.
Descobrir um patrimônio e uma cultura comum
Além de hotéis, restaurantes e lojas, os guianenses também descobrem Macapá por meio de sua história e pontos turísticos. Sandro Borges é guia há 20 anos, fala francês e regularmente leva turistas guianenses para conhecer o Museu Sacaca.
“É um museu a céu aberto criado em 2002, um pedaço da Amazônia no coração da cidade. Os guianenses adoram este lugar, que apresenta a cultura comum do Amapá e da Guiana”, diz Sandro Borges, guia da Cunani Turismo.
O museu leva o nome de Raimundo dos Santos Souza, um curandeiro considerado um “doutor da floresta”. Apelidado de “Sacaca”, ele dedicou sua vida à medicina natural, foi rei do carnaval por 20 anos e também foi massagista da equipe de futebol de Macapá.
Sandro Borges, guia da Cunani Turismo em Macapá.
Sandro Borges, guia da Cunani Turismo em Macapá. • ©Laura Philippon
Em quase dois hectares, o Museu Sacaca abriga mais de 300 espécies de árvores, plantas e muitos iguanas, tartarugas e outros animais. “Temos uma história em comum, e isso interessa aos guianenses, que muitas vezes me perguntam como o açaí é consumido aqui, o que fazemos com o awara, se comemos iguanas. É uma troca de conhecimentos”, exclama Sandro Borges.
O interesse por Macapá após a crise da Covid
Segundo ele, o turismo começou a decolar em Macapá após o fim da crise da Covid-19. “Depois da pandemia, todos começaram a procurar o que fazer perto de casa, e os guianenses começaram a se interessar por Macapá”, explica ele. “Antes, eles vinham apenas para fazer compras e depois iam para as praias de Fortaleza ou Belém, mas hoje ficam em Macapá”.
A renovação dos principais pontos turísticos
Nos últimos anos, o rosto da capital do meio do mundo mudou. Com trânsito mais fluido, parques revitalizados, o prefeito da cidade também investiu na renovação de vários pontos turísticos, incluindo o Marco Zero. A linha do Equador é o monumento mais visitado de Macapá, um lugar único entre os hemisférios Norte e Sul. Ao redor, um enorme parque infantil foi construído.
O Marco Zero, ponto turístico mais visitado de Macapá.
O Marco Zero, ponto turístico mais visitado de Macapá. • ©Laura Philippon
“Inauguramos cerca de 25 parques e estruturas como esta, além de parques menores em outros bairros onde as pessoas não costumavam sair”, explica Antonio Furlan, prefeito de Macapá. “Isso criou empregos, pois Macapá é conhecida por seus muitos vendedores ambulantes, que passaram a trabalhar nesses novos parques. Não há segredo, esses investimentos transformaram Macapá”.
Antonio Furlan, prefeito de Macapá.
Antonio Furlan, prefeito de Macapá. • ©Laura Philippon
Ainda há investimentos por vir
E não para por aí, garante o prefeito, que acredita no “grande potencial turístico” de sua cidade. “Estamos no meio do mundo, e somos os únicos no mundo a estar sobre a linha do Equador”, lembra Antonio Furlan. “Temos o Amazonas, um rio lindíssimo, o maior do mundo, e temos uma fronteira com a Europa”.
“Temos turistas que vêm da Guiana, mas também do Suriname e da Guiana Inglesa. Só podemos progredir, e vamos investir para que o turismo continue a crescer”, afirma o prefeito.
O Marco Zero, ponto turístico mais visitado de Macapá.
O Marco Zero, ponto turístico mais visitado de Macapá. • ©Laura Philippon
Sua cidade, suas florestas, seus lagos: a capital do meio do mundo tem muitos atrativos e parece não ter terminado de conquistar seus vizinhos. Se as obras da BR-156 forem concluídas como planejado em três anos, Macapá estará a apenas seis horas de carro da Guiana Francesa.
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