As mulheres correspondem a 58,3% das pessoas que recebem o Bolsa Família em março. Dos mais de 53,88 milhões de beneficiários do programa de transferência de renda, elas somam 31,42 milhões. Ao todo, serão 20,50 milhões de famílias contempladas neste mês, sendo 17,16 milhões chefiadas por mulheres, o que corresponde a 83,7% dos lares beneficiados. Um incentivo que representa transformações na realidade de quem está em situação de vulnerabilidade.
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Um dos vários exemplos pelo país é o de Sarah Rocha, que hoje cursa medicina na Escola Superior de Ciência da Saúde (ESCS), no Distrito Federal. Filha de faxineira, ela viu sua vida e a da família mudar a partir do acesso às políticas sociais brasileiras. A mãe recebe ainda hoje o Bolsa Família; um de seus irmãos, portador de esquizofrenia, recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Sarah cursou tanto o ensino fundamental quanto o médio em escolas públicas. Era uma aluna de destaque. Com o seu Número de Identificação Social (NIS), vinculado ao Cadastro Único, a estudante conseguiu isenção na taxa do Enem.
“Os vestibulandos viajam o Brasil inteiro para tentar vagas em outros estados. Só que eu não tinha dinheiro nem para pagar os vestibulares daqui (no DF), quanto mais gastar dinheiro com passagem para prestar vestibular de outras instituições. Então o único vestibular que eu prestei foi o Enem”, relatou Sarah
Da infância vivida nas cidades satélites do DF e no Tocantins, Sarah recorda bem a alegria do dia em que a família recebia cesta básica do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). “Quando chegava a cesta básica, era muito bom. Eu sabia que a gente ia comer direitinho. Não tinha que dormir pensando no que a gente ia comer no outro dia”.
A estudante de medicina, que hoje não recebe mais o Bolsa Família, destacou que o benefício proporcionou melhores condições de alimentação e de moradia para ela e a família.
“É um impacto que muda a jornada das pessoas, muda os caminhos que elas vão seguir. Quando você tem um mínimo de acesso à educação, mínimo de acesso a alimento, mínimo de acesso a material de estudo, você começa a ampliar sua perspectiva de mundo, porque quando você está passando por uma vulnerabilidade, é como se você olhasse só para aquilo”, afirmou a estudante
As mulheres nutrizes e as gestantes ainda recebem um adicional no valor de R$ 50. São mais de 606,67 mil gestantes contempladas pelo Benefício Variável Familiar, em um investimento de R$ 28,05 milhões. Além disso, 347,17 mil nutrizes serão beneficiadas com um repasse de R$ 16,62 milhões.
As transferências do Bolsa Família começam nesta terça-feira (18/3) e vão até o dia 31, seguindo a ordem de pagamento de acordo com o último dígito do Número de Identificação Social (NIS) de cada família.