O Silêncio Forçado: Como a Forte FM Foi Calada por Dar Voz ao Povo
Enquanto rádios aliadas ao poder operam livremente, a 99.9 Forte FM tem sua concessão cassada após denúncias de políticos incomodados com a pressão popular
A Rádio Forte FM, que há anos é a voz das comunidades mais esquecidas do Amapá, teve sua concessão oficialmente cassada nesta quarta-feira (3) por uma portaria assinada por Wilson Diniz Wellisch, diretor do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O motivo alegado? “Irregularidades técnicas”. Mas a realidade, segundo fontes próximas à emissora, é bem diferente: a Forte FM foi punida por incomodar o poder estabelecido.
Enquanto outras rádios em Macapá operam nas mesmas condições técnicas sem qualquer fiscalização rigorosa, a Forte FM foi alvo de uma ação seletiva. A denúncia que levou à cassação partiu de grupos ligados ao União Brasil, partido que hoje controla o Ministério das Comunicações como um verdadeiro feudo político.
A Rádio Que Não Se Calou
Desde 2024, a Forte FM vinha sofrendo pressões da ANATEL, mas nada que justificasse o fim abrupto de suas transmissões. A emissora se destacava por sua programação combativa e popular:
- Forte Notícias (7h-9h): Comandado por Eduardo Neves e Ju Furtado, o programa abria o microfone para denúncias da população, cobrando autoridades e expondo problemas sociais do estado.
- Fala Comunidade (tarde): Comunicadores Bola, Original, Thalia e Jane Andrade levavam ao ar as demandas das periferias, usando uma linguagem direta e sem medo de confrontar gestores públicos.
Uma rádio que não apenas informava, mas transformava ouvintes em protagonistas – seja por ligações ao vivo, mensagens ou participações diretas.
Dois Pesos, Duas Medidas
A pergunta que fica é: por que só a Forte FM foi cassada? Várias outras emissoras da região operam com situações técnicas similares, mas seguem no ar sem qualquer questionamento.
A Forte FM incomodou. Denunciou. Colocou o dedo na ferida. E, agora, paga o preço por ter sido a voz de quem nunca foi ouvido.
A Resposta da Comunidade
A cassação não é apenas o fim de uma rádio – é um ataque à liberdade de expressão. Mas a população do Amapá já demonstra revolta. Nas redes sociais, a hashtag #VoltaForteFM viralizou, e grupos organizados prometem pressionar autoridades pela revisão da decisão.
“Eles acham que vão calar a gente, mas a luta só começou”, disse um ouvinte nessa sexta-feira ao vivo.
Enquanto o jogo político tenta silenciar críticas, uma pergunta ecoa no ar: Quem tem medo da voz do povo?