Amor e paixão: como dar conta desses sentimentos?

Tirando quem tem alguma patologia, todo mundo, em algum momento da vida, experimenta o que é amar. Pode ser o amor pelos pais, pelo avô preferido ou o amor de irmãos (quando não estão se matando); o amor-próprio, que às vezes fica em segundo plano; tem o maior amor do mundo, que sentimos pelos nossos filhos; existe o amor pelos amigos do peito (sobretudo após umas cervejinhas); e, finalmente, o mais complicado: o amor romântico. Como eu não gosto de nada fácil, é dele que vou falar. Mas não só dele…
Todo mundo tem um parente meio doido. No caso do amor, é a paixão. Enquanto o amor é de boa, a paixão causa. O amor pode ser tudo, mas não é bobo. Não dá pra dizer o mesmo da paixão. Se o amor é responsável, a paixão é inconsequente. Dizem que o amor é cego. Se for, ele usa óculos. Já a paixão enxerga o que quer. O amor pode ser platônico ou recíproco. A paixão pode ser explosiva, improvável, fascinante, obsessiva, delirante, intensa, avassaladora…

Muitas vezes, a paixão antecede o amor. Funciona mais ou menos assim: a gente se apaixona pela parte de alguém que nos agrada e idealiza o resto. Podemos nos apaixonar pela forma como a pessoa enxerga o mundo ou por seu olho azul. Admirarmos seu amor pela arte ou pelo jeito que ela fala Igaratá. Na nossa cabeça, todo o resto é perfeição.
Só que aí a gente sai pra jantar e descobre que a pessoa não gosta de batata frita. Quem não gosta de batata frita, meu Deus? Ou que o lance dela é rock progressivo e o nosso é pagode. Enquanto a parte imaginada vai se revelando, vamos acordando do sonho perfeito. Aí chegamos no momento decisivo. Opção A: valorizamos as qualidades, relevamos os defeitos (também ajuda se lembrarmos que nós também temos defeitos), passamos a gostar da pessoa como ela é, mesmo que evite fritura.
Nesse caso, o mistério da vida acontece: a paixão vira amor. A opção B vem na boleia de um caminhão chamado decepção. “Mas eu achava que ele gostava de dormir de conchinha…”. Não gosta, minha filha. “Mas eu pensava que ela usava unha francesinha”. Ela pinta de azul, querido. Nesses casos, é melhor aceitar, que dói menos.
O fato é que amar e nos apaixonar dão sentido à vida. A cabeça acha que manda na gente, mas o coração é o verdadeiro chefe. E, muitas vezes, só nos resta seguir o líder. Mesmo que, às vezes, ele se deixe levar pela emoção.
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