As desastrosas previsões do mercado financeiro sobre a economia brasileira, ganharam destaque da nova edição da revista Focus Brasil, editada pela Fundação Perseu Abramo (FPA). Na edição desta semana, a reportagem da Focus ouviu economistas para entender os motivos por trás do constante pessimismo que tem caracterizado as ditas “análises” da conjuntura econômica por agentes de mercado e seus erros espetaculares nas previsões.
Para os economistas ouvidos pela revista Focus Brasil, aponta a publicação, “esse erro sistemático” está longe de ser um problema técnico. “O Boletim Focus é um mecanismo muito enviesado”, destacou Paulo Kliass, doutor em economia e membro da carreira de especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal, à reportagem. “A distorção nas previsões, segundo ele, reflete não apenas uma deficiência metodológica, mas também uma orientação política implícita nos modelos utilizados”, revela a Focus.
De acordo com o economista da Unicamp Eduardo Marques, os erros são parte de uma estratégia articulada. “Quando a gente analisa essa discussão sobre as apostas do mercado erradas, tem que olhar com um pouco mais de cuidado, porque eu não chamaria de apostas erradas. Na verdade, o mercado tem uma estratégia. Todas essas apostas erradas, na verdade, têm como objetivo fundamental manter o governo pressionado para subir juros, juros básicos. A chamada taxa Selic, que é a taxa que remunera os títulos públicos”, explicou à reportagem.
A mesma avaliação foi compartilhada pelo diretor da FPA, Alberto Cantalice, na seção Carta ao Leitor. Para ele, não há dúvida de que o comportamento do mercado, que errou nada menos do que 95% das previsões nos últimos 15 anos, é um projeto. “Ou é burrice dos economistas, todos bem remunerados para a prática de pitonisa, ou é uma atitude coordenada com objetivo claro de fragilizar o governo e especular com os juros e a moeda”, ironiza.
“Dada a formação acadêmica de muitos deles – alguns com títulos nas universidades de alto padrão norte-americanas, pode-se inferir que é para uso especulativo mesmo, não burrice”, aponta o diretor da FPA.
Da Redação