Projeto Genoma de Referência mapeia ancestralidade e saúde da população negra no Amapá

Durante a Semana da Consciência Negra, a Prefeitura de Macapá, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), realiza a coleta de amostras de DNA no Centro de Cultura Negra Raimundinha Ramos, sede da União dos Negros do Amapá (UNA). O objetivo é contribuir com o Projeto Genoma de Referência do Brasileiro (GRB), que busca mapear a diversidade genética da população negra e quilombola, promovendo avanços científicos e a valorização cultural.

A ação, que se estende até 26 de novembro, é voltada para pessoas que se autodeclaram negras ou pertencem a comunidades quilombolas de Macapá e Mazagão Velho, com idade mínima de 30 anos. O material coletado, a saliva, será enviado à USP para análise. Interessados devem levar documento de identificação com foto para realizar a participação.

 

Para Paulo Roberto, diretor do Instituto Municipal de Promoção de Igualdade Racial, o projeto é uma oportunidade única de resgate histórico e de avanço na saúde pública. “Estamos felizes por possibilitar que a população descubra essas informações. Nosso povo foi separado do seu local de nascença há muitos anos, séculos de riqueza cultural e histórica foram perdidos, essa é nossa forma de resgatar a nossa origem e isso é muito emocionante”, declarou.

A importância do projeto vai além da ancestralidade. Ele também visa identificar fatores genéticos que podem influenciar na saúde da população negra. “A gestão municipal terá um olhar mais direcionado, possibilitando ações preventivas para doenças como hipertensão, anemia falciforme e câncer de próstata, que possuem maior incidência entre negros”, acrescentou Paulo.

Auracilene Rocha, diretora do Departamento de Promoção à Saúde, destacou o papel da Secretaria Municipal de Saúde no projeto, que já percorreu comunidades quilombolas como Curiaú e Maruanum. “Estamos realizando um trabalho técnico e histórico, mapeando a ancestralidade do povo preto do Amapá e criando um banco de dados que será fundamental para políticas públicas de saúde”, explicou.

 

Para a coordenadora-geral da União dos Negros do Amapá (UNA) Cristina Almeida, a coleta de DNA também é motivo de celebração. “Essa é uma mudança de paradigma. Além de conhecer nossas origens, o projeto permitirá diagnósticos precoces de doenças e fortalecerá a saúde pública nos municípios de Macapá e Mazagão”, afirmou. Cristina revelou que, em breve, os primeiros resultados serão entregues às 130 pessoas que participaram inicialmente da pesquisa.

 

A professora Eneide Silva compartilhou sua expectativa ao entregar sua amostra. “Sempre tive curiosidade em saber de onde viemos. Esse é um desejo antigo, e agora estou concretizando isso. Espero um dia pisar nas terras dos meus ancestrais”, disse.

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