Nesta semana, o Amapá foi destaque na imprensa nacional ao defender o estudo sobre petróleo na margem equatorial. Em entrevista ao jornal O Globo na segunda-feira, 8, o governador Clécio Luís reforçou que é preciso ter um olhar “menos romântico” para a Amazônia, e enxergar as pessoas que nela vivem. Nesta sexta-feira, 12, o chefe do executivo estadual voltou a falar do assunto ao vivo na CNN Brasil.
O gestor contestou o direito retirado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de realizar a pesquisa para comprovar a existência do petróleo na costa do Amapá e relembrou o posicionamento da ministra Marina Silva, em não renunciar ao petróleo como matriz energética para o Brasil.
“Somos favoráveis e com propósitos muito claros. Nós queremos primeiro pesquisar, e uma vez comprovado, a decisão é feita em um patamar estratégico pelo Governo Federal. O Petróleo no Amapá significa desenvolvimento, que não queremos fazer de qualquer jeito, mas sim de forma segura e sustentável. A exploração garante uma nova matriz econômica capaz de manter nossos indicadores ambientais, que são os melhores do Brasil, e o financiamento da transição para energias renováveis”, destacou o governador Clécio Luís ao programa Bastidores CNN.
O estudo para medir a densidade e qualidade do mineral seria realizado por um navio sonda em águas profundas. O governador mencionou as descobertas recentes de petróleo na costa da Guiana, Guiana Francesa e Suriname, que integram o mesmo poço petrolífero da margem equatorial e que mostram o potencial exploratório da região que estende por mais de 2,2 mil quilômetros.
Em outra frente, o Amapá está produzindo o maior estudo já realizado sobre o potencial eólico e solar, reunindo as informações em um atlas, financiado por emendas do senador Davi Alcolumbre e pelo então senador Jean Paul Prates. O estado possui uma das maiores taxas de ventilação e insolação do país.
“Minerais como o petróleo são estratégicos e fundamentais para a transição energética do país. O termo mais correto para a gente é diversificação energética, porque a transição energética nós já fizemos, e o Amapá é um exemplo disso, que produz a sua energia com matriz renovável, com as hidrelétricas”, reforçou o governador.
Perguntando sobre as expectativas para a COP30, que será realizada em Belém, tendo Macapá como subsede, Clécio Luís evidenciou dois pontos importantes para o encontro: o primeira é não romantizar a Amazônia, e o segundo é não absorver um discurso protecionista, que só vê a floresta, a biologia e não enxerga o ser humano, as pessoas que moram na região.
“A estratégia do Amapá é falar a verdade, mostrar a Amazônia como ela é. Nós temos os maiores ativos ambientais do Brasil e os piores indicadores sociais e econômicos. Isso está errado. Não adianta falar em sustentabilidade, numa realidade completamente insustentável. Deixo aqui o meu recado: Mundo, quer falar sobre a Amazônia? Venha nos escutar aqui. Não veja só a floresta, veja as pessoas que aqui vivem”, disse o governador do Amapá.