Ex-bombeiro quase morreu para colocar drogas em casco de navio, diz PF

Por ANITA FLEXADurante a coletiva, realizada nesta quinta (11), na sede da Polícia Federal em Macapá, delegados responsáveis pela operação ‘Blind Diving’, que apreendeu 154,75 kg de drogas em um casco de navio na orla de Santana, confirmaram que essa foi a maior apreensão de cocaína do estado do Amapá.Foram cumpridos 5 mandados de prisão e 2 de busca e apreensão. Entre os presos está um ex-militar altamente treinado e com diversos cursos de mergulho, que era um dos principais braços da organização criminosa. A polícia não divulgou nomes.Segundo o delegado regional da PF no Amapá, Dalton Marinho, a droga estava escondida em “caixas de mar” – que são compartimentos junto ao casco da embarcação, abaixo da linha d’água, destinados a extrair ou admitir água para equilibrar a embarcação.Delegado Dalton Marinho: “Trata-se de uma operação extremamente complexa e perigosa”Bagagens com drogas achadas no compartimento submerso. Foto: Reprodução/Ascom/PFAlém de ser a maior apreensão de cocaína no Amapá, a investigação revelou que esses criminosos não eram simples transportadores, mas sim membros de uma organização criminosa especializada no tráfico de grandes quantidades de drogas, especialmente cocaína destinada à Europa.“Trata-se de uma operação extremamente complexa e perigosa, envolvendo a inserção de drogas nos cascos de navios, algo que apenas mergulhadores profissionais são capazes de realizar. Inclusive, o investigado, um ex-bombeiro militar, um dos presos, relatou ter quase morrido em quatro tentativas para colocar a droga no casco do navio. Ele descreveu o espaço entre o fundo do rio e o casco do navio, que pesa muitas toneladas, como sendo de apenas 1 metro. Qualquer movimento de descida do navio poderia resultar em morte por esmagamento. Foi um trabalho extremamente difícil que exigiu habilidades excepcionais do mergulhador”, afirmou o delegado Dalton.Durante as investigações, foram cumpridos 5 mandados de prisão e 2 de busca e apreensão. Entre os presos, está um catraieiro que realizava o transporte dos mergulhadores até o navio. De acordo com o delegado Bruno Belo, supervisor da FICCO, durante as investigações surgiram duas versões da mesma história.“Inicialmente, a investigação apontava para um tráfico interestadual, mas ao longo das investigações e em conversas com os mergulhadores, obtivemos duas versões: uma sugeria que a droga já estaria no navio e os mergulhadores teriam o papel de retirá-la do casco, enquanto a outra versão indicava que os mergulhadores estariam colocando a droga no casco para sua retirada no exterior, possivelmente na Europa”, explicou o delegado Bruno Belo.Delegado Bruno Belo, supervisor da FICCODrogas totalizaram 154,75 kg. Foto: Reprodução/Ascom/PFAinda não se sabe se os tripulantes do navio estão envolvidos no caso, nem qual era a origem da embarcação. No entanto, as investigações indicaram que o destino da viagem era Portugal. De acordo com o delegado Bruno Belo, as investigações continuam em colaboração com a Interpol.A Polícia Federal mobilizou mais de 50 policiais de diversas forças para cumprir os mandados nos municípios de Macapá e Santana, no porto e nas residências utilizadas pelos investigados. A ação contou ainda com o trabalho especializado de mergulhadores da Polícia Federal, vindos dos estados do Espírito Santo e Pernambuco.

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