A Polícia Civil do Amapá abriu investigações para apurar as circunstâncias dos incêndios ocorridos em áreas da Reserva Biológica do Lago Piratuba, localizada no extremo leste do estado, entre os municípios de Amapá e Tartarugalzinho, que podem ter sido causados de maneira criminosa. A polícia adiantou que alguns suspeitos já foram identificados e serão indiciados por crimes ambientais.
De acordo com a Polícia Civil, após denúncias, diligências foram feitas e indícios apontam que, pessoas que “laçam”, ou seja, capturam de forma clandestina búfalos na área da reserva biológica e nos currais de propriedades privadas estariam ateando fogo na região para “limpar” o campo, onde se deslocam com cavalos para facilitar a atividade criminosa.
“Trata-se de investigação complexa envolvendo crime ambiental, furto e receptação de animais, falsidade ideológica e crime de dano. A Polícia Civil instaurou procedimentos lá na região para apurar a autoria e materialidade das condutas, deslocando equipes em uma ação conjunta com outras forças de segurança do estado”, explicou Cezar Vieira, delegado-geral de Polícia Civil do Amapá.
Ação conjunta
Na sexta-feira, 10, a Polícia Civil, em operação conjunta com a Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp), através do Núcleo de Operações e Inteligência (NOI), Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), Delegacia de Polícia de Pracuúba e Grupo Tático Aéreo (GTA), realizaram um sobrevoo na região, além do trabalho de levantamentos de informações, que deram início às investigações.
Segundo o delegado geral, no decorrer do trabalho inicial até o momento, alguns suspeitos foram identificados e estão ligados a crimes de “abigeato”, ou seja, de subtrair animais de propriedade privada em zona rural, furto e receptação de animais.
“Já temos algumas pessoas identificadas, que serão agora buscadas por equipes da Polícia Civil para que sejam levadas até as unidades policiais no entorno da região, para serem interrogadas e, eventualmente indiciadas pelas práticas criminosas, que estão causando danos ambientais e prejuízo à atividade econômica”, disse Cézar Vieira.
Operação Piratuba
O Corpo de Bombeiros do Amapá (CBM) integra as ações de combate ao incêndio que, há cerca de duas semanas, atinge a Reserva Biológica do Lago Piratuba, no extremo leste do estado. O trabalho de enfrentamento é coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Marinha do Brasil. As queimadas já cobrem, aproximadamente, 15 quilômetros da região, que é administrada pelo Governo Federal.
No sábado, 11, uma equipe de especialistas do CBM, do ICMBio e da Marinha sobrevoou a região para avaliar as proporções do incêndio. A partir desta avaliação, o grupo elaborou as estratégias de enfrentamento e avaliou a zona de pouso para helicópteros, além da definição do local para base e alojamento de militares e brigadistas. No domingo, 12, o helicóptero da Marinha do Brasil atuou no lançamento de água nos focos de incêndio.
Combate às queimadas
Assim como outros estados da Amazônia, o Amapá sofre com os efeitos da estiagem e das queimadas. Para enfrentar o cenário, ainda no mês de agosto, o Governo do Estado lançou a Operação Amapá Verde, que já registrou mais de 500 focos de incêndios florestais. Outra ação foi a criação do Comitê de Mudanças Climáticas para monitorar os focos de incêndio e definir novas estratégias de enfrentamento.