Por IAGO FONSECAO sistema penitenciário do Amapá intensificou a transferência de presos perigosos ligados a facções para a nova unidade de segurança máxima do Estado, o que pode ter reduzido os crimes violentos em 54%, entre os meses de setembro e outubro, segundo o balanço de operações policiais do estado. Para a direção do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), apreensões de celulares e operações contribuíram para a estatística.Na segunda-feira (6), mais 17 presos do regime fechado foram transferidos para nova Unidade Prisional José Eder, dentro do Iapen. Com capacidade para 200 internos, a unidade já possui 31 presos de alta periculosidade que antes ocupavam o “Cadeião”.“Junto com as demais forças conseguimos reduzir os índices de violência. A transferência iniciou em setembro, nós tivemos resultados satisfatórios dentro do que planejamos e vimos em outros estados. Conseguimos estabelecer a segurança na cadeia e, a partir disso, também tivemos efeitos na segurança pública externa”, afirmou o delegado Luiz Carlos Gomes, diretor do Iapen.Para a administração do presídio, os novos procedimentos que limitam visitas e interrompem a comunicação externa garantem maior segurança aos policiais penais e permite a execução de trabalhos de educação e assistência aos apenados.“Atribuímos também muitos dos efeitos positivos com a operação federal Mute, que coincidiu com as demais e teve como objetivo retirar celulares das unidades prisionais. Sabemos que celular é uma arma dos criminosos que articulam crimes fora da cadeia”, concluiu o diretor.A nova unidade utiliza de normativas e procedimentos adaptados pela secretaria nacional de políticas penais, que usa da experiência adquirida em ocorrências em outros estados para evitar problemas no Iapen.GTA deu apoio……durante transferências. Imagem: Reprodução/Sejusp“O Amapá foi prioridade no planejamento político do Ministério da Justiça. É uma unidade nova, com implementação de rotinas de segurança nacionais que servirá de padrão para revolução na segurança pública do estado”, declarou o policial penal Cézar Delmondes, coordenador do projeto de inovação de inteligência penitenciária, vinculado ao Ministério da Justiça.Segundo o coordenador, o sistema penitenciário do Amapá não reconhece facções dentro dos presídios e, portanto, apenados que se declaram de grupos diferentes convivem no mesmo ambiente.“Presos que se dizem de diferentes organizações vivem e convivem há mais de 30 dias sem nenhuma ocorrência. Os policiais penais não usam armas de fogo, nem celulares na nova unidade”, concluiu Delmondes.Instituto de Administração Penitenciária do AmapáDelegado Luiz Carlos: operação reduziu comunicação externa dos detentos com celularesPolicial Penal Cézar Delmondes: presos de várias facções no mesmo ambiente. Fotos: Iago FonsecaApreensão de celulares Para o diretor do Iapen, o problema da entrada de celulares no presídio é antigo e depende de mudança de cultura e novas estruturas no sistema.“É consequência de um sistema penitenciário que cresceu sem planejamento. Temos várias falhas de segurança promovidas por estrutura ruim que dificulta o trabalho da polícia penal e favorece o trabalho dos criminosos. Isso está sendo reavaliado, mas já conseguimos mudar. Isso gera insatisfação e embates em presos, visitantes e nos profissionais que trabalham lá, mas é uma mudança necessária”, comentou o diretor.